Entrevista a João Pinto Coelho
Ao contrário das expectativas generalizadas da indústria, as viagens internacionais não retomaram em força, devido às restrições inesperadas no início do Verão de 2021. Contudo, destinos como o Reino Unido continuam a manter o seu curso na reabertura da sua economia, e por isso há ainda um optimismo cauteloso de que os outros destinos lhe seguirão o exemplo e de que a maioria dos consumidores usará o Outono de 2021 para viajar.
Na Entrevista Hotelier Spotlight deste mês, conversamos com João Pinto Coelho, Director Comercial e de Vendas do Onyria Hotels & Resorts Group para saber o que espera para a indústria hoteleira no segundo semestre de 2021 e como o seu negócio se adaptou às mudanças contínuas do mercado.
Embora o Verão de 2021 certamente tenha sido uma melhoria em relação a 2020, ainda não está nos níveis que precisamos.
Qual é a sua expectativa de recuperação financeira para os níveis pré pandemia?
Desde Março de 2020 que as nossas projecções de negócio (que passaram de anual para mensal e agora são semanais) não foram cumpridas. No Verão de 2020, esperávamos na mesma época deste ano, estar muito mais próximos dos níveis de ocupação total dos nossos 200 quartos e 40 vilas no Onyria Resorts. Mas devido a interrupções no início da temporada, existe uma lacuna significativa entre as nossas previsões e a realidade.
Olhando para trás, acho que tínhamos uma grande expectativa de que a vacina salvaria o Verão e permitiria que as viagens fossem retomadas com força nesta altura. Mas os hotéis ainda estão à mercê de outros fatores, como restricções governamentais, capacidade de voos e, claro, a confiança do consumidor. Embora o Verão de 2021 certamente tenha sido uma melhoria em relação a 2020, ainda não está nos níveis que precisamos.
Acho que, de modo geral, a indústria ajustou as expectativas porque há um certo grau de fadiga e frustração com previsões perdidas. Como hoteleiros, estamos agora a aproximar-nos do futuro com um optimismo cauteloso.
Como é que as novas variantes afectaram a confiança do consumidor e as operações do Onyria Resorts?
A mudança contínua de regras e restricções impactam significativamente a comunicação com os nossos clientes. Numa semana estamos a garantir a certos mercados que o nosso destino é seguro, mas duas semanas depois somos declarados inseguros pelos seus governos, o que resulta numa onda de cancelamentos.
Acho que a interrupção não se deve tanto às variantes em si, mas sim à comunicação em torno delas por parte dos governos locais. O resultado é que nossa equipa de reservas está a falar menos sobre os quartos e produtos que oferecemos e mais sobre perguntas relacionadas com segurança e requisitos para entrar no nosso hotel e actividades nos destinos onde operamos.
No geral, ainda temos um nível significativo de procura e de interesse por parte do consumidor. Respondemos com taxas e políticas flexíveis para converter a procura em reservas, mas, em última análise, o que temos nos livros ainda não é seguro em termos de receita.