Entrevista a Jorgen Christensen
Para a edição de Novembro do Hotelier PULSE Report, lançámos um novo segmento chamado ‘Hotelier spotlight’ onde entrevistamos hoteleiros sobre como têm os seus hotéis respondido a esta crise e quais as suas estratégias e prioridades de vendas e marketing para a recuperação.
Para a primeira entrevista ‘Hotelier spotlight’ tivemos o privilégio de conversar com Jørgen Christensen, CEO da Small Danish Hotels para perceber como tem sido a jornada do Grupo durante este ano e qual a agenda para 2021.
Uma pergunta que eu faço sempre é: "De onde virão os nossos próximos hóspedes e como é que podemos mantê-los seguros?"
Qual foi a sua reacção inicial à crise e as suas prioridades imediatas a curto prazo para ultrapassá-la? Essas prioridades entretanto já se alteraram?
A reação inicial de todos nós na Small Danish Hotels foi o choque, e tenho a certeza que deve ter sido igual em todos os outros hotéis e cadeias em todo o mundo todo. Passar repentinamente de um 2019 em que batemos recordes para o encerramento permanente, foi um choque bastante intenso principalmente para hotéis independentes e familiares. Nas primeiras semanas da crise, sentia-me mais como um psiquiatra do que como um CEO de hotel porque todos estavam muito preocupados com o que estava a acontecer. Foi exclusivamente um controle de danos que foi feito nas primeiras 3 / 4 semanas após a Covid-19 ter entrado na Europa.
Mas, felizmente para o Small Danish e outros hotéis e grupos aqui na Dinamarca, o governo dinamarquês foi muito rápido na implementação de pacotes de ajuda para a indústria hoteleira, o que deu um pouco mais de conforto em relação ao futuro dos hotéis.
Um mês após o início da crise, depois do choque inicial ter passado, todos nós começámos a pensar no novo mundo em que os nossos hotéis iriam reabrir e quais seriam as restricções aplicáveis. Mais importante que isso, o que nós nos perguntávamos frequentemente era: “Haverá algum hóspede a visitar-nos? De onde virá o nosso revenue?”
Em Maio, quando a maioria dos hotéis reabriram na Dinamarca, houve uma mudança significativa no nosso foco de vendas e marketing para o segmento de lazer. Felizmente para nós, o boom veio quase imediatamente e as reservas de hóspedes locais e viajantes de países vizinhos, como Alemanha e Holanda começaram a chover. Essa tendência substituiu a nossa preocupação inicial por esperança para os meses de verão.
O que é mais importante para si e para o seu Grupo de hotéis neste momento?
Nos últimos seis meses, durante este período sem precedentes, a nossa estratégia de vendas e marketing permaneceu como prioridade máxima para a Small Danish Hotels. Uma pergunta que eu faço sempre é: "De onde virão os nossos próximos hóspedes e como é que podemos mantê-los seguros?"
Para a indústria em geral aqui na Dinamarca, uma grande preocupação são os níveis extremamente baixos de viagens de negócios, tanto domésticas como internacionais. Actualmente, as viagens de lazer são o segmento de onde vem a maior parte do negócio para a maioria dos hotéis na Dinamarca.
Na sua opinião, o que é que foi implementado durante este período que será uma melhoria para a indústria daqui para frente?
Quando se trata de hóspedes de lazer, certamente há um foco ainda maior na jornada do cliente e nos motivos para visitar o hotel. Espero que mais hoteleiros estejam activamente a criar pacotes especiais para se destacarem e conseguirem comunicar os benefícios de reservar uma estadia, tais como as atracções locais, as experiências culturais ou férias activas de todos os tipos.
As reservas diretas também aumentaram em importância porque os hotéis estão a tentar cortar custos. Aqui na Dinamarca, já vimos essa tendência durante o verão, com algumas grandes campanhas a pedir aos hóspedes que apoiem os hotéis nacionais fazendo reservas directamente. Também espero que muitos hotéis reconsiderem ou minimizem as parcerias com as OTAs, que realmente não distinguem os hotéis um dos outros, à excepção do preço.
E, claro, o sector está cada vez mais focado no bem-estar, saúde e segurança dos hóspedes. Na Dinamarca, a indústria lançou uma iniciativa chamada “Safe to Visit”, onde os hotéis que implementem protocolos de saúde melhorados podem demonstrar essa conformidade aos hóspedes para os tranquilizar.